segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Foi um sonho?

É a chave que some. Mãos inexistentes que acordam. Relógios que adiantam e despertam sozinhos.
Dia seguinte no quarto, a conversa. E a chave similar, surge.
Passa uma semana.
Tudo começou, mesmo, quando ainda não sabia se estava acordada ou dormindo. Foi tudo muito rápido. E ela estava lá... Naquela casa, tão parecida e tão diferente com algo que já vi e não sei dizer o quê. E ela veio pra se despedir. Ela me abraçou... Choramos... Foi uma libertação. Então ela disse: "Não vai falar tchau pro seu avô?". Ele saiu de trás de alguma porta, mas não vi a imagem dele. Me abraçou também. Não lembro de nenhum diálogo, só SABIA que era ele e que se despediu, também. E juntos, se abraçaram e subiram... Subiram uma escada.
E eu acordei.
E a Judy latia compulsivamente, olhando pra tevê. E quando eu olho, vejo pela segunda vez, alguém parado ali. Fecho os olhos, olho pra Lou, e olho de novo pra onde havia alguém. Ninguém...
MEDO. Muito medo! Sensação de estar sendo observada. Levanto. Ligo o computador sem ir no banheiro, sem falar bom dia, sem olhar pra ninguém e nem pentear o cabelo. Então acordo, mesmo, depois de um tempo. E minha mãe senta aqui do lado, na cama.
E eu conto pra ela.
E dali instantes, eu, ela e minha tia conversando sobre.
E minha tia, que tinha ´conversado´ no quarto aquele dia, confessa que pediu pra ela ir pra luz, pra procurar o meu avô. E comemora por ela ter ido, então. Aliás, as duas comemoram. E se discute por instantes o fato de eu não ter visto a imagem dele, pois ele já assumiu uma outra, com toda a certeza. E eu, falando que estava com medo, de tempos em tempos.
E ainda pergunto: "Mas por que eu? Por que pra mim? Eu nunca vejo nada..."
Mãe: "Porque a ligação de vocês sempre foi muito forte... Parece uma coisa..."
Minha mente dando voltas e voltas e voltas em todo o passado.
E minha tia complementa: "Por que era você que ela mais chamava quando estava naquele hospital. Você e o Serginho."
Eu: "Então era remorso. Porque a vida toda dela era sempre a Juliana e o Ricardo. SEMPRE. "
Tia: " Cala a boca. Perdôe. Deixa ela encontrar o caminho dela. Era o seu nome que ela mais chamava..."
E a vontade de chorar. Tudo engasgado na minha garganta. Segurando o choro compulsivo.
Para quem não sabe, ela morreu dia 08-11. Eu? Eu estava num ônibus, indo pra Curitiba. Não voltei para o enterro, não daria tempo. Quem é ela? Minha avó... Que morou comigo, desde sempre. Que eu não visitei nenhuma vez desses dois meses que ela ficou internada no hospital... Que me ensinou tantas e tantas coisas, incontáveis. Que ia comigo pra onde eu precisasse. Que originou o meu nome, porque todas as netas terminam em ´Ana´. Mas que brigávamos, muito, não há dúvidas. Não sei dizer o que está acontecendo... Será que é porque eu tomei posse do quarto que era dela, da cama?
Prefiro não pensar nisso. Prefiro que o tempo passe... Prefiro as lembranças boas. E se ainda não havia surgido nenhum remorso, por que agora?!?

Um comentário:

Marips! disse...

Cheguei, tentei entrar no orkut e não consegui, então um pensamento muito forte me fez vir até aqui visitar o que cala fundo em sua alma... COINCIDÊNCIAS??!! Sim, acontecem, rs!

Sobre o post, apenas você saberá organizar o turbilhão de sentimentos aí dentro... permita-se sentir e então a consequência será viver!

A dor incomoda; a quietude perturba; o recolhimento intriga; e algumas vezes o luto é necessário - ou a dor ficará soterrada debaixo de futilidade, queimando suas reservas de vitalidade, e fechando todas as saída.

Experimentamos uma constante e eterna alternância de ganhos e perdas... isso é vida!

Fique bem, tem um abraço de urso bem forte e enérgico indo até aí te pegar =)

Baussi de carinho sem fim irmãzinha!