quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Coragem.

Por sonhos e desejos enfrento a metamorfose. Parece ser o certo, ou talvez o cabível. As mudanças são difíceis e sei que cairei. Sei que ralarei os meus joelhos, que abrirei cortes em minhas mãos na vaga tentativa de proteger o rosto. Sei que torcerei o pé e ficarei mancando por dias. Sei que a dor virá, de uma forma ou de outra,ela virá e então já me preparo para ela. Nâo sei de sua intensidade, não sei nem quanto tempo ela vai durar. Mas, sim, ela virá sem nenhum dó ou piedade. Depois de enfrentá-la, virá o momento em que devo exterminá-la de uma vez por todas. Pois se ela virá, um dia ela há de ir embora. Só preciso saber como acelerar tal processo. Expurgar cada erro e cada derrota, também. Lembrando apenas daquilo que foi-me necessário. Daquilo que fez-me crescer.Daquilo que me levou mais perto dos meus sonhos. Sonhos tão almejados que não consigo enxergar o tênue limite, o meu limite, de até onde eu posso ir para alcança-los. Mas se é tudo tão belo e sincero, por que não tomar tais atitudes? Há quem vá me julgar, sempre houve, e não mudará agora. Há quem vá me empurrar para que o tombo me pegue desprevinida. Há, também, quem vá passar merthiolate nos meus ferimentos e quem soprará para não arder. Devo eu vestir uma máscara? Devo disfarçar-me para que torne-me irreconhecível, tal qual um camaleão?! Será? Será que haverá, depois de tudo isso, alguém para que eu possa narrar a minha busca incansável pelos meus sonhos? Ou será que a solidão entrará por debaixo daquela porta, trazendo com ela, meu antagonista, meu maior pesadelo? Arriscar é cruel, o desconhecido mais ainda. Resta-me, então, a coragem. É minha aliada, é meu braço direito. Se ela for alimentada da correta maneira, juntas somos imbatíveis. Acredite. E por ter tal conhecimento desta plenitude que está em minhas mãos, brado a todo fôlego, que sim, por sonhos e desejos enfrento a MINHA metamorfose.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Até onde...?

Até onde vais para realizar uma vontade??
Até onde a vontade por teus sonhos valem à pena?
Até onde vale à pena o teu "eu"?
Até onde o teu "eu" é realmente teu?
E então reclamas que há valores inquestionáveis, ou que o orgulho é mais importante do que o que sentes no teu âmago. Que teus desejos devem ser filtrados por pudores e valores já tão sem sentido. E preferes continuar por detrás da tua máscara, por trás de teus medos junto a teus montros do que tomar a frente da batalha, indo pro ´ou mata ou morre´, enfrentando bruxas e dragões por aquilo que realmente proporcionar-te-á a felicidade verdadeira.
Sair do casulo deveria ser o natural. Todos deveriam passar por isto. Como um ciclo, é a evolução. Mas há quem prefira a segurança ilusória por muito mais tempo do que o costume. Há quem prefira não viver do que encarar a insegurança, mesmo sabendo que esta é irrelevante. Há ainda quem tenha coragem de bradar que arriscar é tolice.
Ah, tolice... Tolice é ter ciência de que estás a dois passos do teu almejado sonho e não esticar os braços para alcançá-lo. Tolice é desejar, por uma vida inteira, talvez duas ou três, e retroceder no último instante pela comodidade. Tolice é privar, achar que não és merecedor. Acreditar que o fim será trágico, então não passar por todo o processo até ele. Tolice são barreiras imaginárias que te impedem de avançar na maratona da vida.
Se tivesses o minimo de noção do tanto que já perdeste por conta de tolices...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Turbilhão

Num turbilhão infinito e desvairado, onde o pouco é o ápice amargo de juras eternas, simplórias e falsas é onde me encontro. Lugar no qual a fuga que tanto almejava acabara por se tornar meu precipício, minha dor...
Pode-se dizer, então, que foram longos e loucos devaneios, tais quais contradiziam uma realidade diferente, paralela e disforme, que vinda à tona, tendia a se opacar, quiçá sumir por segundos, diante ao ofuscar de uma paixão passageira e inexistente.
Havia medos e incertezas, somados ao desejo do passado, onde talvez pelo desconhecido ou imaturidade, a falsa certeza para a falsa felicidade foi iminente, sem por um instante sequer, ter a noção de que ao se entregarem poderiam por um ponto final manchado e dolorido, como se cravasse o mais afiado dos punhais na ferida mais inflamada e exposta.
De que valera as noites em claro e as juras eternas se, como previsto, tudo era um grande sonho impossível, no qual não havia convívio ou sensatez?
Há algum sentido pura e propriamente dito no fato de se seguir, fingindo uma normalidade e cumplicidade onde há muito já deixou de haver – se é que realmente houve?
Volto a citar, então, tal turbilhão... turbilhão feroz de pensamentos e críticas mais ferozes do que nunca. Equívocos somados à carência e outros egoísmos humanos. Banalidade de um sentimento puro e concreto. Idéias incoerentes, talvez imutáveis que martelam e se quebram, se expostas.
Se toda a podridão pode vir a prejudicar mais, o sensato a se fazer é não remexer nos fatos passados, enterrá-los e rumar ao desconhecido e curioso futuro que pode vir a ter um sabor doce, há muito não experimentado...




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Texto escrito em 25-04-2008
Afinal de contas... Todos temos o direito de passar por fases obscuras e turbulentas na nossa vida. Ainda bem que depois de trilhar certos caminhos no lodo, sempre aparece uma luz. Sempre!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Eu vou casar com a Saudade...!"

Sou capaz de acreditar erroneamente que o mundo tende a estar em constante mudança. Mas há momentos em que o engano é notado, por fim e por sorte.
Não que eu seja contra mudanças, porque isto é extremo. E eu detesto qualquer extremo possível ou generalizante. Assim como repudio a inércia constante e imutável que muitos convivem com maior facilidade.
(Estar de volta ao lar é a melhor parte da viagem SEMPRE.)
E assim como os cheiros permanecem os mesmos, os sabores e valores também.
Os sons não mudaram e as cores do dia-a-dia estão ainda no mesmo tom. Mas estar na abstinência, em outro horizonte, faz com que dê tempo da saudade fazer estrago.
Ela chega, como um ruído singelo, quase imperceptível, fingindo que não fará mal nem causará dano algum. E por um instante, sou capaz de acreditar que isto é verdade. Então a proporção vai aumentando, talvez por osmose, talvez por carência, mas o verdadeiro porquê já não importa. A saudade tem o gosto amargo e o rosto belo; tem a pele alva e sorriso infantil; A saudade tem olhos doces e veias que pulsam aceleradamente. Não há temores. Mas dúvidas e arrependimentos, que entram em conflito para confundir os anseios.
O lembrar é cruel e mais ilusório que o mais lúdico dos contos de fadas. E (in)conseqüentemente tais cheiros ligam a ignição daquilo vivido e deixado para trás, da mais remota das lembranças, os mais seguros devaneios.
O cheiro da saudade vem à tona quando me deixo levar por impulso, quando me exponho e quando me busco de lugares distintos temidos, nos quais o acesso é pelo caminho das nuvens, virando na Alameda das Ilusões e ao passar pelo Arco da Fantasia. Não há dificuldade.

E como diria alguém por ai... "Eu vou casar com a Saudade...!"

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Janela

E depois de subir todos os degraus da escada, de dois em dois, batendo os pés na madeira, ecoando seus passos por toda a casa, ela só queria correr. Correr para a janela, se é que isto é saudável no inverno. Naquele inverno tão rigoroso. Mas sem preocupação alguma, alcançou seu objetivo o mais rápido que pôde. Só enxergava a janela fechada, como se fosse o único ponto iluminado. Abriu,abruptamente, o vidro, sem se importar com o barulho que o mesmo fez, reclamando e rangendo vorazmente. Destrancou primeiro um lado, e deu um empurrão, como se sua vida dependesse daquilo. Repetiu o procedimento, com mais rapidez ainda no outro lado, se é que isto é possível.
E foi então que tudo estava claro... Que tudo teve sentido outra vez. Aquela brisa suavizando suas expressões, levando para longe todos os temores, todos os momentos turvos que pairavam até então. Seus cabelos balançavam ao vento, emaranhados. Ela limitava-se a tirá-los do rosto, com suas mãos já não mais trêmulas como outrora. Um sol tímido arriscava a piscar para ela, e ela retribui o gesto com um sorriso e um breve aceno com a cabeça. Debruçou-se no parapeito, em posição arriscada, mas ela sabia, só ela sabia, que estava segura ali. Que naquele lugar, nada poderia alcançá-la, nada poderia tirar aquele momento de paz extrema e profunda, apreciada como o mais divido doce de leite. Escorreu uma lágrima do seu olho esquerdo por todo o seu rosto, e ela deixou que a mesma rolasse até se perder por entre seus cabelos, que ainda insistiam feito loucos, debatendo, divertidos. As nuvens que encobriam o céu iam se dissipando, tornando-o límpido e azul. Um azul tão profundo e verdadeiro que parecia ter saído de uma obra de arte de algum museu bem distante dali. Aquele céu não era real, não devia ser, tamanha sua magnitude.
E agora ela tinha plena certeza de que era a primeira vez que tinha o céu só para si. Que mais ninguém a colocaria em risco. Que um novo recomeço estava sendo reescrito, ali, naquele parapeito daquela janela que mostrava o retrato do infinito, e mais do que nunca, mostrava sonhos de um futuro que ela sempre sonhara.