segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Eu vou casar com a Saudade...!"

Sou capaz de acreditar erroneamente que o mundo tende a estar em constante mudança. Mas há momentos em que o engano é notado, por fim e por sorte.
Não que eu seja contra mudanças, porque isto é extremo. E eu detesto qualquer extremo possível ou generalizante. Assim como repudio a inércia constante e imutável que muitos convivem com maior facilidade.
(Estar de volta ao lar é a melhor parte da viagem SEMPRE.)
E assim como os cheiros permanecem os mesmos, os sabores e valores também.
Os sons não mudaram e as cores do dia-a-dia estão ainda no mesmo tom. Mas estar na abstinência, em outro horizonte, faz com que dê tempo da saudade fazer estrago.
Ela chega, como um ruído singelo, quase imperceptível, fingindo que não fará mal nem causará dano algum. E por um instante, sou capaz de acreditar que isto é verdade. Então a proporção vai aumentando, talvez por osmose, talvez por carência, mas o verdadeiro porquê já não importa. A saudade tem o gosto amargo e o rosto belo; tem a pele alva e sorriso infantil; A saudade tem olhos doces e veias que pulsam aceleradamente. Não há temores. Mas dúvidas e arrependimentos, que entram em conflito para confundir os anseios.
O lembrar é cruel e mais ilusório que o mais lúdico dos contos de fadas. E (in)conseqüentemente tais cheiros ligam a ignição daquilo vivido e deixado para trás, da mais remota das lembranças, os mais seguros devaneios.
O cheiro da saudade vem à tona quando me deixo levar por impulso, quando me exponho e quando me busco de lugares distintos temidos, nos quais o acesso é pelo caminho das nuvens, virando na Alameda das Ilusões e ao passar pelo Arco da Fantasia. Não há dificuldade.

E como diria alguém por ai... "Eu vou casar com a Saudade...!"

Um comentário:

Unknown disse...

Fantástica e perfeita descrição do alívio sentido no retorno, sensibilidade à flôr da pele, garota, amei...beijos