sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Um Almoço Qualquer. (Ou As Três Reflexões)

Os homens também se aconselham uns com os outros. 
Claro que não da mesma forma que nós, mulheres. Nós, geralmente, fazemos aquela reuniãozinha, na qual uma fala, e as outras, ao redor, fazem seus "ohs" e "uaus" esporadicamente, em uníssono. Pior ainda quando somos adolescentes e tais reuniões ocorrem na casa de uma de nós. A típica festinha do pijama. Consigo visualizar a cena, com ursinhos de pelúcia, pijamas e cabelos penteados. O assunto da vez é o Renato, o Ricardo, o Felipe, o Rafael, o Diego... E pimba! Já estamos planejando casamento!
Os homens... tão mais práticos! Sem ilusões, sem viajar na maionese.. 
Certa vez eu estava almoçando, solitária, quando dois rapazes na mesa a frente, conversando, me chamaram a atenção. No começo eu tentei desviar o olhar, focar a atenção em outra coisa, olhar pra fora, olhar pro meu lanche. Mas, curiosa que sou, me rendi e dediquei meu almoço àquela mesa, àquela conversa. 
"(...) Eu devia ser que nem ele, mas eu não consigo... Porque ele é sacana... pega três ao mesmo tempo, ilude, e sai com quem quiser. Se ele pelo menos desse um pé na bunda, ok. Mas ele marca de sair com duas, e escolhe com quem tem vontade..." E por alguns segundos eu me senti absurdamente tentada a me levantar, abordá-los de maneira nada sutil, sem me preocupar com a outra moça que almoçava na mesa do canto. Senti vontade de adentrar à conversa. O mais triste foi querer dizer que talvez eu devesse conhecer o tal amigo sacana e fosse uma das três enganadas. Mas não seria agradável esta exposição gratuita, certo?
Foi então que parti para a primeira reflexão: Mulher, às vezes, é um bicho tonto. A verdade está ali, nua e crua, escancarada na nossa face, porém não enxergá-la é mais cômodo. E sabe por quê? Por todos aqueles planos desde às festinhas do pijama, acima mencionadas. Porque uma deu a sorte de dar certo, todas queremos seguir o mesmo caminho, esquecendo que cada estrada é única. Não que eu seja pessimista, longe de mim, porém estas histórias bonitinhas e cheias de frufrus acabam acontecendo uma em um milhão. E olhe lá. E sabe-se lá, também, se por detrás de flores e romance, o namorado perfeito não é um desses "sacanas" como a história do amigo da mesa da frente?
Um pouco depois, não me lembro de todo o conteúdo, mas do contexto, um pouco. Era o fato do rapaz estar angustiado, que iria ter de falar com a moça, pois ela estava pegando demais no pé dele. 
E cheguei na segunda reflexão. Aliás, foi aí que me senti mal e percebi que eu devo estar fazendo algo de errado. Isso é regra: Dez entre dez rapazes não querem ser controlados, não querem ter de dar satisfação durante o dia inteiro, não querem, muito menos, pedir permissão. Ora, se não pedem permissão para a mãe, quem dirá para a mulher? E esta carência em demasia, esta necessidade de ser onipresente na vida deles, ah... tolice. Homem quer sentir falta, quer ter seu espaço, quer respirar. E por mais que você pense que está sendo atenciosa, romântica e até mesmo carinhosa, certamente não é assim que ele está enxergando. E acredite, há inúmeras possibilidades do seu namorado estar almoçando com algum amigo e reclamando de você! Acredite, homens se aconselham uns com os outros, já devo ter dito isto. 
A terceira reflexão, e última, pois meu horário de almoço estava acabando, se deu quando o outro, pacientemente disse: "Pense bem a respeito pra não se arrepender depois. Escuta o que eu tô falando." Foi uma fala clara, simples e objetiva. Que cabe em diversas situações. Esta, no caso, ainda envolvendo uma moça em questão. Aliás, deu a entender que ele estava tentado a terminar com ela. É um namoro de dois anos e meio, eles viveram muita coisa juntos etc., etc., etc. (palavras dele).  O fato é que enquanto humanos que somos, ou nossa grande maioria, risos, tendemos ao impulso e remediar as más decisões, quando ocorridas. Sendo homens ou mulheres, que fique claro. Se ao invés de atropelarmos, pudéssemos refletir, alguns aspectos não tenderiam ao fracasso. Por sermos imediatistas ao extremo, vez ou outra os resultados costumam desagradar-nos. Então cabe à nossa consciência, ou por sorte do rapaz ao ter um amigo conselheiro, discernir a melhor maneira de trilhar o destino, cuidando das nossas futuras feridas e, principalmente, das de quem mais nos importa...


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Histórica Verídica.

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