segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Da série: "Pensamentos da Madrugada"

Hoje eu só queria me importar. Ter uma tristeza profunda, revoltar-me ou ficar sem rumo. Queria perder o meu chão, jogar-me na cama e gritar e chorar e me desesperar. E sentir um vazio, um soluço preso na garganta, a vista turva, a suadeira, a bebedeira. Queria sofrer. Queria odiar. Queria estar à flor da pele, a pensar em vinganças, a planejar uma fuga do mundo. Dizer a todos que não pretendo voltar. A mesmice embala meu fim de noite, povoa os meus sonhos, impede os meus anseios e bloqueia meus instintos. A falta de vitalidade dentro de mim começa a coçar, e já não posso alcançar, aliviando. O "tanto faz" nunca esteve tão presente e opinando tanto em minhas decisões. O descaso, que há muito não me pertencia, vem tomando seu lugar, já praticamente dominante. Dar de ombros é ação automática, quase biológica.
A estática me enerva. A rotina me consome. Mas nada me emociona ou sensibiliza. A massa pútedra já não mais me envergonha. E as palavras saem escarradas: "Você é quem sabe..."
Cadê o sabor? O colorido? O belo?
Já não mais me preocupa...

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