quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Impulso

Aparece de repente em minha frente.
E defronto-me com o desejo obscuro que emana dos teus olhos. Confundo o passado com o presente, perco-me em insanos pensamentos: a ousadia do momento de carência somada ao instinto desvairado de pular no teu abraço.
Elucido-me por breve instante, deixo a emoção fazer a sua parte. A moral pede licença e se retira. Diz que já não há o que fazer. A razão, esquecida no canto sai aos poucos, cedendo seu lugar à vontade que já vem preparada para o bote, seus dentes expostos.
Rogo que pare, contradizendo minha boca sedenta por teu gosto. Olho de soslaio e perco-me no teu sorriso provocante. Encontro-me fora de mim! Estou prisioneira tal qual um canário em uma arapuca. Mas sendo sincera, acredito que não almejei a fuga. Não de verdade...
É chegado o momento da entrega. Começa sutil e silenciosamente. A complexidade desta fusão pode causar curto-circuito. Sinto faíscas emanarem deste contato, do NOSSO contato. O gosto da tua pele é melhor do que supus um dia. É o néctar mais raro e saboroso que já provei.
Emaranhas meus cabelos. Nossa dança é sincronizada e ouço música ao redor. Não há maestro a reger esta orquestra, mas cada instrumento está onde deveria. Em perfeita destreza e harmonia. Ora conduzo, ora sou conduzida. Ora nós vagamos num breu inebriante e reconfortante.
Vem o tremor esperado, o choque, a eletricidade. Um grito ecoa, a paixão transborda e a entrega mútua une-nos como imã.
A exaustão nos aproxima da imensidão, do mundo dos sonhos: e tão cedo não iremos acordar...

Nenhum comentário: