terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um Banho de Lágrimas.

Voltar a home de Unidda Terceirizaçao

"-Unidda?"
"-Bom dia, moça. É que meu pagamento veio errado."
"-O senhor já pegou seu holerite?"
"-Ãhn? Ainda não..."
"-Deve ser por isso, então..."

Ou:

"-Unidda?"
"-É que meu Vale Transporte ainda não caiu."
"-Mas são cinco dias úteis, senhor."
"-Então! Cinco dias, é hoje!!"
"-Deixa eu dar uma olhada, só um momento. (...) Vai cair hoje, até o final do dia."
"-Mas ainda não caiu!!!!!!"
"-É que ainda não é o fim do dia. O fim do dia, pra mim, é até as 23h59."


***


Todos os finais me machucam. Eles me causam dor, eles me ferem. Toda e qualquer intensificação de sentimento passa por mim, de uma forma ou de outra. As mudanças me são cruéis, mastigam minha sensibilidade, pegam-me desprevenida e me deixam ali, jogada, à mercê do que quer que seja. Até eu adquirir novas forças para levantar, para superar, para lidar com o que me foi imposto.
E naquela sexta-feira eu me vi de cima, vi outra de mim caminhando, como se eu fosse mera espectadora. Assistia à cena com apreensão e lágrimas. As mesmas lágrimas que estavam na outra de mim, que caminhava ouvindo alguma música. Queria lembrar que música era, mas devo ter bloqueado (Freud, maldito, suma daqui!). Enquanto ela-eu caminhava para longe de uma etapa fantástica de sua-minha vida, indo embora neste "pra sempre", um turbilhão de sentimentos e pensamentos se mesclavam em minha mente e em meu peito. Ela-eu tinha noção do que ficava para trás, cada vez mais longe e abrir mão de tudo o que foi conquistado foi extremamente doloroso. As lágrimas caíam, no meio da rua. Uma a uma, duas a duas e, então, um monte delas. Um banho, lavando todo o meu rosto. Ora um soluço, ora um sussurro. A voz embargada, um nó na garganta, um sentimento de "Eu fiz o certo?"... Uma hora a dor ameniza, vai embora, eu sei. O presente é sofredor, porém a nostalgia que segue é boa de degustar. Lembrar com saudade e um sorriso... Nada pode ser melhor!


***


Foram sete meses. Nem muito, nem pouco. Mas sete meses que valeram por uma mini vida. Por tudo o que eu aprendi, a como agir e como não agir, pelas histórias mais diversificadas, por acordar cedo e dormir tarde. As situações mais emocionantes, divertidas e constrangedoras. Foram lá que eu vivi. Foi lá que eu aprendi a ter boca, a fazer as coisas sob pressão, a fazer mil coisas ao mesmo tempo! 
No início, eu tinha crises de choro. Eu ficava extremamente cansada, achava que não daria conta. Eu sentia falta de ficar em casa, com a Lou, ou simplesmente de dormir. Falta de sair com os meus amigos. De ficar sem fazer nada, ou lendo, ou no computador. Sei que no início, eu mal conversava com as pessoas, mas já esboçava risadas naquele DP. Foi só passar algumas semanas que eu fui me soltando, fazendo amizade com uns ou outros. Até o ponto de virar confidente de muitos- essa mania psicóloga de ser que sempre me persegue, antes mesmo de iniciar a graduação. 
Mas infelizmente nada dura para sempre e eu vi que o meu tempo de Unidda estava no fim. Eu não busquei sair de lá e isso falarei para sempre. A oportunidade veio até mim e se eu recusasse, com certeza me arrependeria até o fim da minha vida. Senti-me reconhecida, principalmente ao ouvir um a um quando comuniquei minha saída. Coisas como: "-Você é uma excelente profissional, fui pego de surpresa, você fará falta.", "-Você merece, já deu o que tinha que dar, aqui.", "-Obrigada por tudo...", "-Outra de você vai ser difícil encontrar..." e os mais diversos relatos que não quero e nem pretendo esquecer. E como eu precisava ouvir aquilo, daqueles que eu mais gostava e mais admirava! Fui feliz. Pura e simplesmente feliz. E se eu dissesse que não sinto falta de lá, estaria mentindo. Foi uma fase maravilhosa que eu quero me lembrar para todo o sempre. Boa sorte para quem continua e que eu encontre todos, ou a grande maioria, nesta estrada afora... 
Valeu, Unidda!

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